Uma brilhante estrela do nosso céu noturno começou a ter um comportamento estranho, o que não deixou de despertar a atenção dos astrónomos.
Estes conseguiram registar a diminuição do brilho de Betelgeuse, na constelação de Orion. Porém, para lá desta luminosidade reduzida, a própria forma da estrela também parece ter-se alterado.
Betelgeuse foi em tempos uma estrela de dimensões médias, tal e qual o Sol. Contudo, à medida que envelhecia e ficava sem combustível para alimentar as reacções no seu núcleo – ou seja, com falta de hidrogénio –, foi aumentando de tamanho e tornando-se mais avermelhada, transformando-se assim numa gigante vermelha. Se a colocássemos no lugar do Sol, no centro do nosso Sistema Solar, ela ocuparia todo o espaço até à órbita de Júpiter, de tão grande que é!
Para os observadores ocasionais, Betelgeuse tem sido um farol no céu, fácil de identificar, mas começou a perder brilho no fim do ano passado (podem ver aqui - https://www.eso.org/public/images/eso2003c/ - a diminuição que sofreu num mês). Atualmente, Betelgeuse apresenta apenas cerca de 36% do seu brilho normal, uma mudança que é fácil de detectar mesmo a olho nu.
Muitos entusiastas da astronomia perguntaram-se se esta perda de brilho significaria que Betelgeuse estava perto de explodir. Como todas as gigantes vermelhas, um dia Betelgeuse chegará ao fim da sua existência numa explosão cataclísmica, uma supernova. Os eventos desse género estão entre os mais energéticos do Universo, e podem, durante um breve período, brilhar mais do que toda uma galáxia!
Contudo, os astrónomos não acham que seja isso que se está a preparar. A equipa responsável por estas novas imagens de Betelgeuse, que ilustram o seu bizarro comportamento, sugere que o que se passa é que a estrela está numa fase de grande actividade e arrefecimento da superfície.
Os astrónomos, tanto profissionais como amadores, acompanham com tremendo interesse os desenvolvimentos desta situação nunca antes vista.
O nosso Sol vai um dia transformar-se numa gigante vermelha como Betelgeuse… mas isso ainda vai demorar uns 5 000 000 000 (cinco mil milhões) anos.